Desenvolvendo a visão inovadora: conheça as tendências em educação corporativa

De inteligência artificial a realidade aumentada/virtual e aprendizagem com máquinas. Parece que em todos os dias é dito aos profissionais de desenvolvimento de talentos que precisam entrar em contato com uma nova ferramenta tecnológica. Mas, sinceramente, eles raramente escolhem tecnologias “primárias” no momento de atender as necessidades organizacionais. Ou seja, em vez de adquirir a realidade virtual, irão comprar um aplicativo capaz de ensinar  por meio de questionamentos ou habilidades de coaching em paralelo a realidade virtual. Logo, irão preferir uma solução gamificada que otimiza a memória do time de vendas em relação as características dos produtos a Gamificação.

A verdade é que nos próximos anos os profissionais de desenvolvimento de talentos serão requisitados a implementar iniciativas baseadas nestas tecnologias, tomar decisões relacionadas a evolução tecnológica e a aplicar o conhecimento sobre as reais necessidades da companhia a fim de encontrar respostas que as supram. Neste contexto, é importante ressaltar que as empresas bem sucedidas nesta trajetória são aquelas que apropriam-se dos recursos tecnológicos com o objetivo de promover melhorias no desempenho organizacional e do colaborador. Portanto, não investem em determinado dispositivo apenas porque é o mais recente no mercado.

Quando se trata dos artigos sobre tendências em desenvolvimento de talentos, os materiais tendem a concentrar-se em tecnologias e não nas aplicações em si. Contudo, as transformações assertivas acontecem quando as soluções encontradas são aperfeiçoadas, amplificadas e dimensionadas devido as ferramentas tecnológicas. O foco permanece na iniciativa e não no dispositivo.

A partir desta reflexão, que tal examinar três grandes tendências que resultam da convergência de diversas tecnologias alinhadas as reais necessidades do negócio? Posso te dizer que elas irão impactar o campo de desenvolvimento de talentos em um futuro breve.

1- Aplicativos de comportamento de negócios

As aplicações de comportamento de negócios são uma espécie de Fitbit (relógio inteligente fitness) de habilidades corporativas. Em vez de mensurarem o número de passos do usuário, medem o número de “hums” ou “ahs” que a pessoa expressa ao longo de uma apresentação de vendas ou o volume de demandas cumpridas recentemente pelo time. O sistema funciona com base em inteligência artificial, a natureza onipresente dos dispositivos móveis, acesso a internet e aos cada hora mais sofisticados softwares de reconhecimento de voz.

Um exemplo desta categoria de aplicativo é o Presentr. A tecnologia auxilia o profissional com as vendas, apresentações corporativas, palavras de “nervosismo” tais como “hum” e “ah”, intensidade da voz e o ritmo da apresentação. Outro benefício é o painel com um feedback da performance desenvolvida. Uma vez que é possível medir o desempenho, é simples de trabalhar em melhorias. Por fim, o app tem jogos que permitem praticar ritmo, intensidade da voz e até comparar as últimas apresentações a fim de amenizar os vícios de “ok”, “tudo certo” ou “você está me acompanhando?”.

O interessante é que estes aplicativos não são limitados ao refinamento das apresentações.  Este estilo está habilitado para todos os panoramas corporativos e competências desde executar reuniões a manusear projetos e coaching. Os apps fornecem análises em tempo real das atividades de trabalho com feedbacks também simultâneos de episódios específicos. Há ainda a chance de monitorar toda a liderança ou equipes de vendas via painéis de grupo.

2. Simuladores sociais

O exercício de habilidades-chaves será um dos pontos de impacto da realidade virtual. A tecnologia é capaz de criar um ambiente seguro onde os aprendizes praticam e recebem feedbacks em competências específicas. Então, um simulador social é um programa no qual habilidades sociais como entrevistar, prover feedback e coaching são realizadas em segurança com retornos direcionados aos participantes. É um “simulador de voo” desenhado para ensinar interações humanas. A combinação da realidade virtual, inteligência artificial, pequenos sensores de alta qualidade e gráficos em 3D fazem destes sistemas excelentes ferramentas de aprimoramento de habilidades.

Uma área em que o recurso começou a ser utilizado é a de entrevistas. Uma pessoa é conectada a pequenos sensores e a um fone de ouvido sendo imediatamente transportada a um escritório no qual um candidato a entrevista está sentado esperando. Ao longo da atividade, o sistema consegue medir o nível de nervosismo ou tédio. O cenário virtual pode ser modificado para um de serviço ao consumidor, de cumprimento a um parceiro comercial estrangeiro, potencial cliente ou dinâmicas de inclusão. Existe também a possibilidade de inserir alguém em uma situação de grande estresse para ensiná-lo a reagir em circunstâncias adversas como ser interrogado em um tribunal.

3. Ferramentas de coaching reflexivo

A proposta do coaching reflexivo é a de incentivar o aprendiz a ter a mente de um especialista em um determinado acontecimento ao promover diferentes questionamentos. O conceito leva em consideração a ideia de “placa de som” presente na obra literária Mecanismos para a Educação do pesquisador educacional Roger Shank que descreve um processo automatizado de orientar o aluno através de uma sessão de brainstorming. O intuito é o de eles criarem as próprias conclusões dentro de um sistema de perguntas e respostas curtas e direcionadas.

Por sua vez, as tecnologias de chat bot, inteligência artificial e aprendizagem adaptativa contribuem para que a solução esteja no celular do colaborador. Os aplicativos contam com várias trilhas de conhecimento como de diagnósticos para um doutor ou competências de vendas para um vendedor enquanto que uma interface orienta o usuário em questões que o guiam na resolução dos desafios corporativos.

De acordo com Shank, as perguntas giram em torno de temáticas que o aprendiz pode subestimar, por exemplo, “o que o concorrente faz nesta área?” ou “de que maneira as diferentes indústrias estão lidando com este problema?”. O procedimento também chama a atenção do usuário para questionamentos que parecem ser irrelevantes como “em quais tarefas recreativas você é bom?” e “quem é o seu artista favorito?”. Estas questões são um meio de sair do lugar comum e proporcionar insights inovadores.

Em suma, os avanços no desenvolvimento de talentos não virão de uma única tecnologia como a realidade aumentada ou inteligência artificial. É preciso garantir que o recurso escolhido se adéque as necessidades do negócio.

Por Karl Kapp, o maior especialista norte-americano em gamificação aplicada à aprendizagem. Doutor em Educação, ele atua como professor de tecnologia educacional na Bloomsburg University of Pennsylvania e consultor de instituições públicas sendo autor do best-seller The Gamification of Learning and Instruction. Recentemente, lançou o livro Play to Learn.

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