O que eu aprendi na ATD 2019

Por Monica Almeida.

O Congresso e Exposição Internacional da ATD (Association for Talent Development) de 2019, conhecido como ICE – International Conference & Exposition, foi realizado entre os dias 19 e 22 de Maio, na cidade de Washington D.C.. O número de participantes foi de 13.500, vindos de 88 países. Deste total, 2.300 participantes eram internacionais, sendo 118 brasileiros.

Foram quatro dias de intenso aprendizado e conhecimento, com mais de 300 sessões e 450 expositores presentes na Expo. O evento é extremamente organizado e bem sinalizado, com pessoas trabalhando com o mesmo propósito. Acho interessante destacar a empolgação dos voluntários que trabalham na organização do evento, super animados e atenciosos, contribuindo para um ambiente ainda mais propício para a aprendizagem.

A ATD disponibiliza um App do congresso, que funcionou muito bem para a organização da agenda e localização das sessões. Mesmo assim, escolher apenas uma sessão dentre várias foi uma tarefa que exigiu planejamento, pois diversas pareciam interessantes e fica sempre a impressão de que se está perdendo algo importante (mesma sensação do mundo em que vivemos hoje!). Apesar disso, as decisões não foram difíceis, pois cada sessão é categorizada em uma “trilha de aprendizagem”, que você escolhe de acordo com suas necessidades.

O congresso contou com algumas keynotes, que são sessões especiais e relevantes para todos os participantes, com palestrantes como Oprah Winfrey, empresária e apresentadora, Seth Godin, autor de 19 best-sellers e Eric Whitacre, compositor e maestro, que fechou o congresso com a apresentação mista de um coral presencial e virtual.

Os três falaram de  temas como humanidade, inovação, criatividade e conexão, apresentando linguagem e forma alinhadas ao público presente.

Não poderia deixar de destacar a palestra de Oprah Winfrey, que levou muitos participantes para a fila logo cedo para garantirem um lugar mais próximo para vê-la e ouvi-la. A Oprah é uma apresentadora de televisão, atriz e empresária norte-americana, vencedora de múltiplos prêmios Emmy por seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk show com maior audiência da história da televisão norte-americana, que permaneceu no ar por 25 anos. Ela tem uma presença no palco que equivale a uma grande artista, comunicando-se com as pessoas de forma bem-humorada, simpática e muito simples. Nos primeiros cinco minutos, do total de uma hora e 15 minutos, parecia que Oprah era uma prima ou vizinha, daquelas que você poderia bater papo por horas a fio. Ela descreveu situações pelas quais passou em sua vida relacionadas a tomada de decisão, liderança, empatia, determinação, entre outras, conectando os assuntos com o público ali presente, aumentando ainda mais a relevância de sua participação no congresso. Sua sessão foi emocionante e várias frases citadas por ela foram resgatadas em sessões posteriores por outros palestrantes, como: “Seu primeiro emprego é como ser humano”. E faz muito sentido para profissionais da área de recursos humanos em geral.

Nas mais de 300 sessões, os tópicos relacionados a neurociência, futuro do trabalho, inteligência artificial e realidade aumentada, foram muito procurados pelos participantes e não podemos negar que a presença da tecnologia da informação já é uma realidade na área de treinamento e desenvolvimento de profissionais. Mas, acima de tudo, ficou claro que no comando de computadores, robôs, e outras inovações, sempre teremos seres humanos.

Entretanto, temas tradicionais seguem como fundamentais para os profissionais da área e foram apresentados e discutidos, como liderança, comunicação, qualidade de vida, propósito, entre outros. Diversas ferramentas e metodologias têm sido aplicadas em novos formatos, garantindo a inovação necessária para quem atua na área de educação e aprendizagem corporativa. Estudos de casos apresentados demonstraram que não é preciso reinventar a roda para garantir aprendizagem efetiva, isto é, a transferência para o trabalho, com experiências centradas em quem aprende e focadas em performance.

Foi exatamente a proposta da brasileira Flora Alves, da SG Aprendizagem Corporativa que, em uma sessão interativa e dinâmica utilizando a ferramenta LEGO® SERIOUS PLAY®, convidou os participantes para a solução de desafios de comunicação em treinamentos de equipes multiculturais. Por volta de 100 profissionais da área puderam aprender na prática como nossas mãos estão conectadas ao cérebro e produziram modelos 3-D respondendo à pergunta desafiadora. Muitos insights surgiram, com participantes prontos para aplicarem na prática o aprendizado que tiveram em uma hora de sessão.

Olhando para metodologias de aprendizagem já conhecidas na área de T&D, como o 70:20:10, que une o prático ao teórico, Paul Smith abordou o 70, estruturando o programa on-the-job, onde apresentou o passo a passo da prática.

Ken Blanchard, especialista na área de liderança e que tem mais de 60 livros publicados, falou sobre o líder servidor, reforçando tópicos conhecidos na área, como o treinamento de habilidades técnicas e a importância do caráter e valores para um profissional. E assim como Oprah, falou de humanidade, sobre como a empresa deve tratar seu empregado como o cliente número um. Ken Blanchard falou por 60 minutos sobre a primeira e mais importante competência de um líder, o amor ao próximo. Em Maio, Ken completou 80 anos e comemorou com os participantes na Expo, oferecendo champanhe e tirando fotos com aqueles que admiram seu trabalho.

Ao longo dos quatro dias, participei de 14 sessões. Exercitei a atenção plena ao máximo, percebendo o que cada sessão, mesmo aquelas em que não saí encantada, poderia adicionar aos conhecimentos que eu já tenho, prestando atenção nas ideias, nas atividades e nos participantes das mais variadas nacionalidades. Aliás, essa é a cereja do bolo para aqueles que gostam de conhecer culturas diferentes, pois as sessões envolvem trabalhos em grupo, compartilhamento de experiências, e na maioria das vezes os colegas são de outros continentes, como Ásia e África. Quer saber como a área de T&D atua na China, por exemplo? Certamente vai encontrar participantes de lá! O inglês é a ponte que nos conecta e nos faz perceber que nosso sotaque brasileiro é adorado pelo mundo afora.

Alguns insights muito bons já surgiram desta experiência e foram devidamente registrados. Ver de perto, “direto da fonte”, profissionais que inventaram conceitos, disseminaram metodologias, serve como exemplo e combustível para abrir ainda mais os horizontes.  Tudo isso à sensação de fazer parte de algo com proporções gigantescas, com 13.500 pessoas suspirando pelo mesmo tema: aprendizagem.

Formada em Psicologia e com especialização em Administração de Recursos Humanos, Monica Almeida conta com mais de 13 anos na área de Recursos Humanos. Hoje atua como Facilitadora e Designer Instrucional na SG – Aprendizagem Corporativa Desenhada Sob Medida.

2 Replies to “O que eu aprendi na ATD 2019

  1. Bom dia,
    Poderiam compartilhar o passo a passo da prática do programa on-the-job, abordado por Paul Smith (metodologia 70:20:10)? Muito obrigada.

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