Responsabilidades da transferência do aprendizado para a prática

Por Flora Alves, CLO da SG – Aprendizagem Corporativa Desenhada Sob Medida

A transferência da aprendizagem no mundo da educação corporativa significa a capacidade de aplicar, na vida real, a aprendizagem ocorrida em situações de treinamento. E nós, com a função de Designer de Aprendizagem (ou mais conhecido como Designer Instrucional) temos uma posição privilegiada de poder ajudar os alunos a aproveitarem ao máximo o treinamento. O objetivo aqui é se preocupar com o que as pessoas fazem com aquilo que aprendem, a ponte entre o saber e o fazer.

Nós adultos desempenhamos múltiplos papéis em nossa rotina e lidamos com demandas muito diversificadas. Nosso tempo é o bem mais precioso que possuímos e, mesmo inconscientemente, prestamos atenção apenas naquilo que contribui  diretamente com os papéis que desempenhamos. Por essa razão, se uma experiência de aprendizagem não estiver conectada com as atividades que os indivíduos precisam desempenhar as chances de aprendizado e transferência serão muito baixas.

A aprendizagem só é efetiva quando uma mudança de conduta ocorre como resultado de uma ação educacional. A mudança de conduta desejada deve ser maior que a momentânea, o que quer dizer que de nada adianta apresentar uma mudança de conduta no ambiente de aprendizagem, é necessário se transferir aquilo que aprende para o ambiente de trabalho. Essa transferência pode ser verificada por meio da melhoria de performance, desenvolvimento de novas atitudes ou ainda pela introdução de novos interesses e valores.

Em outras palavras, a transferência se dá quando fazemos algo de maneira diferente em função de novos conhecimentos adquiridos. Charles Jennings, uma das maiores referências da atualidade de principal mentor do referencial 70:20:10 nos chama a atenção para o fato de que 70% o que sabemos aprendemos fazendo, 20% do que sabemos aprendemos a partir de trocas com colegas e especialistas e apenas 10% do que sabemos adquirimos em ambientes formais de aprendizagem. Para aumentar intencionalmente o percentual de pessoas que transfere para a prática aquilo que aprende precisamos desenhar experiências de aprendizagem que não se limitam aos ambientes formais, ou seja, a experiência deve extrapolar os ambientes de aprendizado.

Algumas táticas para melhorar o processo de transferência de aprendizagem são: ensinar quando e como utilizar uma habilidade, pois mesmo os alunos tendo aprendido novas habilidades e conceitos, será em “vão” se não souberem em que situações os aplicar; enfatizar os significados e não apenas os fatos, ajudando os alunos a entenderem a importância das aulas para a melhoria de seu desempenho no trabalho; utilizar exemplos realistas, pois os conceitos são mais fáceis de aprender no contexto de um problema real do que em contextos teóricos ou abstratos; ajudar os alunos a fazerem as conexões necessárias, fornecendo informações de modo que percebam como o novo conhecimento se conecta ao já existente; estimular a aprendizagem ativa, por exemplo, os alunos poderão ser orientados a aplicar em situações de trabalho, sob supervisão de um tutor ou mentor, as novas habilidades aprendidas e discutir os resultados; e ajudar a reter as informações mais importantes, desenvolvendo estratégias que facilitem a recuperação de informações quando o treinamento tiver terminado. Organizar grandes porções de conteúdo do curso em passos, seções, capítulos, estágios etc. A ideia aqui é simplificar informações complexas de modo a facilitar sua recuperação e utilização no ambiente de trabalho.
A aprendizagem não é um evento pontual, isolado. Tudo aquilo que acontece antes, durante e depois do treinamento contribui para o sucesso ou fracasso da transferência de aprendizagem. É por isso que o planejamento do programa de treinamento, as atividades de aplicação durante o treinamento e as estratégias pós-treinamento constituem partes críticas do processo.

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