Andragogia e Heutagogia: como estas metodologias auxiliam na transferência do conhecimento para a prática?

Você já parou para pensar que não dá para separar aprender e ensinar? E ensinar não é necessariamente uma ação protagonizada por um sujeito responsável pela aprendizagem do outro. Uma situação pode ensinar, um obstáculo pode ensinar, um desafio também.

Aprendemos o tempo todo, e o que vai mudando realmente é o contexto no qual estamos inseridos em cada momento de nossas vidas. Nossos primeiros aprendizados, e consequentemente os primeiros ensinamentos, acontecem no seio de nossa família, no ambiente de acolhimento que chamamos de lar. Em seguida, somos expostos a processos mais estruturados e intencionais, elaborados para que nossa educação seja plena.

É nos braços da escola que a pedagogia reina soberana e nos ajuda a aprender em uma época da vida em que estamos dispostos a aprender tudo. Afinal, não há parâmetros estabelecidos e critérios que tenhamos definido até então sobre o que é importante para nós em termos de aprendizagem.

Uma vez adultos, aprendemos aquilo que acreditamos ser útil para nossa vida. Se não é relevante, simplesmente não prestamos atenção. Não investimos tempo para aprender algo que não fala sentido. E se for algo que consideramos chato, achamos coisas mais interessantes para fazer. Com o número crescente de estímulos e com a informação a um toque de distância, aprendemos cada vez mais de maneira autônoma e colaborativa. Neste post vamos entender o que é Andragogia e Heutagogia e como essas metodologias auxiliam na transferência do conhecimento para a prática.

Andragogia

É a ciência de aprendizagem mais atual quando o aprendiz é o adulto, mas não explorada em toda a sua amplitude e efetividade. A andragogia consiste na arte ou ciência de orientar adultos a aprender. Esta definição é creditada a Malcolm Knowles na década de 1970. O termo remete a um conceito de educação voltada para o adulto, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças. Para educadores como Pierre Furter (1973), a andragogia é um conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer idade. A UNESCO, por sua vez, já utilizou o termo para referir-se à educação continuada.

No sentido de Malcolm Knowles, a andragogia busca ensinar estes adultos a respeitar sua independência e autogestão em um ambiente próprio para receber alunos adultos. A relação com o professor também é diferente na andragogia. O aluno e o professor são indivíduos na mesma faixa etária e que (provavelmente) têm a mesma experiência de vida. O professor se torna um facilitador no processo de aprendizagem do aluno. Além disso, a andragogia permite uma troca maior de experiência entre aluno e professor, fazendo do aprendizado uma via de mão dupla

Heutagogia

Heutagogia vem do grego heuta, que significa auto, somado a agogôs, que quer dizer guiar. Ela propõe um processo educacional no qual o estudante é o único responsável pela sua aprendizagem. Este é um modelo alinhado à Tecnologia da Informação e Comunicação e também às inovações de e-learning.

Em outras palavras, a heutagogia supõe que aprendemos quando queremos e precisamos aprender. E fazemos isso do jeito que mais agrada e convém. Basta pensar na última vez que desejou ou precisou aprender algo. Qual foram as fontes que consultou em busca desse aprendizado? É provável que suas fontes tenham sido o Google, Youtube, Blogs, grupos no Whatsapp, entre outros. Isso abrange desde as coisas mais simples como cozinhar, até outras mais complexas.

Para Flora Alves, especialista em educação corporativa e idealizadora da ferramenta Trahentem®, se a andragogia já colocava o professor no papel de facilitador, a heutagogia agora agrega centenas de outros recursos para ajudar o outro a aprender. “Neste caso, não é ensinar ou instruir, e sim ajudar o outro a aprender e isso muda tudo. Não é apenas uma questão semântica, pois estamos mudando o protagonismo da ação. Quando dizemos “instruir”, automaticamente nosso cérebro utiliza modelos mentais conhecidos para construir uma sessão de treinamento na qual instruções serão dadas para serem cumpridas. Quando mudamos o nosso modelo mental e substituímos instrução por aprendizagem, nos colocamos no lugar do facilitador. Daquele que busca maneiras de contribuir para que o outro aprenda e, assim, mude sua conduta de modo permanente, transferindo o que aprendeu para sua rotina de trabalho”.

Flora afirma que é preciso mudar este modelo mental. “A tecnologia invadiu (e continua invadindo) nossas vidas de maneira avassaladora. Ela muda com uma velocidade impressionante e nós, profissionais que trabalhamos com aprendizagem, precisamos acompanhar o passo dessa mudança”, finaliza.

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